EUA fecham acordos com Ucrânia e Rússia para segurança no Mar Negro

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Países acordaram em não atacar instalações de energia um do outro

Os Estados Unidos intermediaram acordos separados com a Ucrânia e a Rússia nesta terça-feira (25) para garantir a navegação segura no Mar Negro e suspender ataques a infraestruturas energéticas de ambos os países. Caso sejam implementados, os pactos podem representar um avanço significativo rumo a um cessar-fogo mais amplo, que Washington vê como essencial para futuras negociações de paz na guerra que já dura três anos.

Tanto Kiev quanto Moscou afirmaram que contarão com os Estados Unidos para garantir o cumprimento dos acordos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, cobrou uma posição firme do governo norte-americano. “Se os russos violarem isso, tenho uma pergunta direta para o presidente Trump. Se eles violarem, aqui estão as provas – pedimos sanções, pedimos armas, etc.”, disse em coletiva de imprensa em Kiev.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reforçou a necessidade de garantias concretas. “Dada a triste experiência de acordos apenas com Kiev, as garantias só podem ser resultado de uma ordem de Washington para que Zelenskiy e sua equipe cumpram o combinado”, afirmou.

Negociações e concessões

Os acordos foram alcançados durante reuniões na Arábia Saudita, após conversas iniciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu encerrar rapidamente a guerra. Desde sua posse, Trump tem adotado uma postura mais conciliadora em relação a Moscou, distanciando-se do apoio irrestrito a Kiev.

No pacto com o Kremlin, os Estados Unidos se comprometeram a facilitar o acesso da Rússia ao mercado internacional para exportações agrícolas e de fertilizantes, o que pode envolver a suspensão de algumas sanções econômicas.

As negociações aconteceram após telefonemas separados entre Trump, Zelenskiy e o presidente russo, Vladimir Putin. Durante as conversas, Putin rejeitou a proposta de um cessar-fogo total de 30 dias, que havia sido previamente aceito pela Ucrânia.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, alertou que qualquer movimentação de navios militares russos fora da região oriental do Mar Negro será considerada uma violação do acordo e uma ameaça direta à segurança ucraniana, podendo levar a respostas defensivas.

Impacto no conflito

A suspensão dos ataques a instalações de energia representa um dos principais avanços do acordo. Durante toda a guerra, a Rússia lançou mísseis e drones contra a rede elétrica ucraniana, alegando que a infraestrutura civil de energia apoia o esforço militar de Kiev. Em resposta, a Ucrânia intensificou ataques contra refinarias e depósitos de petróleo russos, argumentando que esses alvos fornecem combustível para as tropas inimigas.

Desde 2023, as batalhas no Mar Negro perderam força, especialmente após a Rússia recuar parte de sua frota naval da região devido a ataques ucranianos bem-sucedidos. Apesar do colapso de um acordo anterior mediado pela ONU, a Ucrânia conseguiu reabrir seus portos e retomar exportações de grãos em níveis próximos ao período pré-guerra.

Trump tem pressionado ambos os lados para encerrar rapidamente o conflito, uma promessa de campanha que busca cumprir. No entanto, sua aproximação com Moscou gera preocupação entre aliados europeus de Kiev, que temem um acordo desfavorável à Ucrânia. Há receios de que Trump possa ceder às exigências russas, incluindo o abandono da candidatura ucraniana à Otan e a aceitação da anexação de quatro regiões ocupadas por Moscou – algo que Zelenskiy já descartou, classificando como uma rendição.

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