Desta segunda (19) ao dia 2 de junho serão ouvidas 82 pessoa; Bolsonaro e Aliados na Mira
O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira (19), às 15h, a uma fase decisiva na investigação da suposta trama golpista que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Começam hoje os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa, um passo crucial que pode definir os rumos do caso.
Ao longo das próximas semanas, entre 19 de maio e 2 de junho, um total de 82 testemunhas serão ouvidas. A lista inclui figuras de peso no cenário político e militar, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deputados e senadores aliados de Bolsonaro, e o general de Exército Freire Gomes. O general, aliás, é uma testemunha chave, pois teria ameaçado prender o ex-presidente após Bolsonaro sugerir, durante uma reunião, a adesão das Forças Armadas a um golpe.
As oitivas ocorrerão por videoconferência e, para evitar qualquer combinação de versões, os depoimentos serão tomados simultaneamente. Todo o processo será comandado por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Importante destacar que nem a imprensa nem os advogados poderão gravar as audiências.
Entre os primeiros a depor nesta segunda-feira estão o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (indicado pela defesa de Anderson Torres), e o próprio General Freire Gomes. Outros nomes de destaque que prestarão depoimento nos próximos dias incluem o ex-comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Baptista Júnior, o senador Hamilton Mourão, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, e os ex-ministros da Economia Paulo Guedes e de Minas e Energia Adolfo Sachsida. Parlamentares como Ciro Nogueira e Eduardo Pazuello, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também estão na lista.
Após essa maratona de testemunhos, Jair Bolsonaro e os demais réus do chamado “núcleo 1” da trama serão convocados para interrogatório, embora a data ainda não esteja marcada. A expectativa é que o julgamento que decidirá pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos outros envolvidos ocorra ainda este ano.
Os acusados, que compõem o que a investigação chama de “núcleo crucial” do golpe, respondem por uma série de crimes graves: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. Se condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, integram este núcleo principal o general Walter Braga Netto (ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022), general Augusto Heleno (ex-GSI), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro).