Projeto “Equoterapia na Medida” promove inclusão e desenvolvimento biopsicossocial em Cuiabá

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Em 2024, o projeto “Equoterapia na Medida”, da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), realizou cerca de 890 atendimentos a crianças e adolescentes com deficiências e necessidades especiais em Cuiabá. Coordenado pelo Sistema Socioeducativo, a iniciativa tem como objetivo oferecer desenvolvimento biopsicossocial por meio de atividades terapêuticas com cavalos.

Destinado a jovens em situação de vulnerabilidade social e econômica, o projeto atende atualmente 40 participantes e realiza, em média, 20 sessões semanais. Entre os beneficiados estão crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, síndromes genéticas, sequelas neurológicas e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Atividades terapêuticas e metodologia

Os atendimentos incluem sessões montadas a cavalo e atividades em solo, realizadas com apoio de uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais. Em 2024, foram contabilizados 689 atendimentos montados e 200 em solo.

O processo é estruturado em três etapas: acolhimento, prática e encerramento. Na fase inicial, o participante passa por uma avaliação com terapeuta e psicólogo, que definem a aptidão para a prática. Após seis meses de observação e intervenções, uma nova avaliação determina a continuidade ou alta do programa. Cada participante pode permanecer até dois anos no projeto, que pode ser um tratamento único ou complementar.

“A hipoterapia, que praticamos aqui, é uma terapia evolutiva com início, meio e fim, que conecta a criança, o cavalo e a equipe. Dependendo do desenvolvimento do praticante, ele pode seguir para modalidades como hipismo ou equitação lúdica”, explica Mariane Caroline Lujes Barbosa, terapeuta do projeto.

Impacto na vida dos participantes

Os resultados são notáveis tanto para os praticantes quanto para suas famílias. Claudia Ribas de Aquino, assistente social do projeto, destaca as mudanças observadas: “Já percebemos avanços significativos na socialização, nos ganhos motores e na cognição. Crianças que antes não sentavam agora conseguem se equilibrar e segurar na cela. Esses progressos são extremamente gratificantes para nós e para as famílias.”

Rafaele Caroline Gomes Siqueira Santos, mãe de um praticante com TEA, relata a evolução do filho de cinco anos: “Ele era muito agitado e não podia tomar medicação por ser pequeno. A equoterapia trouxe calma e concentração. É fundamental para o desenvolvimento dele.”

Inclusão de adolescentes em medida socioeducativa

O projeto também envolve adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas nos Centros de Atendimento Socioeducativo (Case’s) e na Casa de Semiliberdade de Cuiabá. Eles auxiliam na condução das atividades e no manejo dos animais, participando ativamente do trabalho em equipe.

“A ideia é proporcionar uma vivência diferente e promover reflexão social. Eles colaboram com o funcionamento do projeto, o que também é uma forma de devolver algo positivo à sociedade”, explica Claudia Ribas.

Um dos jovens atendidos, João* (nome fictício), destaca a importância da iniciativa: “Eu gosto da convivência com os animais, de trabalhar com a equipe e de estar perto das crianças. Isso me faz muito bem.”

Equipe e estrutura

O projeto conta com uma equipe formada por dois adolescentes em medida socioeducativa, dois agentes de segurança atuando como instrutores, um fisioterapeuta, um psicólogo, dois assistentes sociais e um domador, além de quatro cavalos treinados para a equoterapia.

“Equoterapia na Medida” representa um espaço de transformação social, inclusão e desenvolvimento, beneficiando tanto os praticantes quanto os adolescentes que colaboram no projeto, e reafirma a importância de iniciativas que combinam terapias alternativas com impacto social positivo.

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