“Mosca Branca”: A trajetória de Toquinho ganha vida em documentário emocionante

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A infância de Antonio Pecci Filho, o eterno Toquinho, foi marcada por brincadeiras nos arredores de sua casa no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lá, pelas ruas de terra batida, o jovem sonhador, apelidado de “mosca branca”, deu os primeiros passos rumo a uma carreira brilhante na música popular brasileira (MPB). Aos 78 anos, Toquinho revive sua trajetória em “Toquinho: Encontros e um Violão”, documentário dirigido por Erica Bernardini que celebra seu legado e suas memórias repletas de humor, nostalgia e parcerias inesquecíveis.

De “Aquarela” ao mundo

Autor de clássicos que marcaram gerações, como a canção “Aquarela”, Toquinho revisita no documentário sua forte conexão com a Itália, país que desempenhou papel crucial em sua carreira. A música, um hino da infância brasileira, é fruto de uma parceria com o italiano Guido Moura, com quem dividiu a composição. “Metade da melodia era dele, a outra parte, minha”, relembra Toquinho, destacando o impacto global da canção.

Amizade e resistência na arte

Entre as histórias que permeiam sua vida, destaca-se sua amizade com Chico Buarque, que o levou a Roma nos anos 1970, em meio ao exílio do amigo durante a ditadura militar brasileira. Apesar das lembranças leves e bem-humoradas, o músico aborda temas sensíveis no documentário, como a repressão política da época.

A parceria com o violonista Mutinho rendeu a canção “Lembranças”, uma homenagem ao amigo Tenório, vítima da violência do regime militar. A letra, carregada de melancolia, ecoa as dores de uma geração marcada pelo exílio e pela perda:

“Outros amigos se foram / Guardando seus ideais / Entre verdade e delírio / Uns semearam saudade no exílio / Outros não voltam jamais.”

Afeto e superação na vida familiar

Outro episódio comovente retratado no filme é a relação de Toquinho com seu irmão, João Carlos Pecci. Após um acidente que o deixou paraplégico, João encontrou na escrita um novo propósito. Em resposta ao primeiro livro do irmão, Toquinho compôs a música “Meu Irmão”, uma declaração de amor fraterno que emociona até hoje:

“Você, meu grande herói / Mais poderoso que o inimigo / Você, constante amigo, meu distante companheiro.”

Vinicius de Moraes: a parceria eterna

Entre os grandes nomes que cruzaram sua vida, a amizade e colaboração com Vinicius de Moraes é destacada como uma das mais significativas. Para Pedro Bial, a dupla combinava irreverência e liberdade em suas composições, criando um legado musical que transcendia convenções e tocava profundamente o público.

Um acervo rico e acessível

O documentário apresenta fotos raras de Toquinho ao lado de ícones como Bob Marley e grandes craques do futebol, além de momentos marcantes de sua carreira e vida pessoal. A produção faz parte das comemorações dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, promovidas pela Embaixada da Itália, e está disponível gratuitamente até o próximo domingo (8) no site Toquinho: Encontros e um Violão.

Essa obra é um convite para mergulhar na alma do músico, revisitando suas composições, parcerias e a marca indelével que deixou na história da música brasileira.

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