Yoon Suk Yeol decretou lei marcial, que restringia direitos civis, de forma surpresa na terça, porém a revogou após Parlamento derrubar medida. Decreto provocou protestos em massa, e milhares manifestantes pedem sua renúncia nesta quarta (4).
Na noite de quarta-feira (manhã no horário de Brasília), milhares de manifestantes marcharam até o gabinete presidencial em Seul, carregando cartazes, velas e entoando palavras de ordem contra o presidente Yoon Suk Yeol. O protesto ganhou força com o pedido de impeachment protocolado pela oposição no mesmo dia.
A concentração teve início na Praça Gwanghwamun e avançou em direção ao distrito de Yongsan, onde fica o escritório presidencial. No entanto, a marcha foi interrompida por um bloqueio policial. O descontentamento aumentou após Yoon decretar lei marcial na terça-feira à noite (horário local), justificando a medida como uma forma de combater “forças antinacionais pró-Coreia do Norte”. A decisão, contudo, foi amplamente criticada e revogada horas depois, ainda na terça-feira.
Seis partidos da oposição assinaram o pedido de impeachment, submetido nesta quarta-feira (4), e o tema pode ser votado na sexta-feira (6). Para que o processo avance, é necessário o apoio de dois terços do Parlamento, controlado majoritariamente pela oposição, além da validação de pelo menos seis dos nove juízes do Tribunal Constitucional.
A crise provocada pelo decreto levou à renúncia coletiva de assessores presidenciais e gerou pedidos para a saída de membros do gabinete, como o ministro da Defesa, Kim Yong Hyun. Segundo a agência Yonhap, o pedido de impeachment contou com o apoio de 191 parlamentares oposicionistas, sem adesões do partido governista.
Crise e descontentamento popular
A lei marcial, que restringe direitos civis e impõe controle militar, fechou temporariamente o acesso à Assembleia Nacional e mobilizou forças policiais especiais para conter manifestantes. Mesmo assim, deputados da oposição realizaram uma sessão emergencial e rejeitaram a medida por unanimidade. O líder oposicionista Lee Jae-Myung declarou a lei marcial inválida e afirmou que qualquer ação baseada no decreto seria ilegal.
Os protestos contra Yoon também refletem insatisfações anteriores, como o aumento do custo de vida e os escândalos envolvendo o governo. A primeira-dama foi acusada de receber um presente de luxo avaliado em mais de R$ 11 mil, valor acima do permitido pela legislação. Nos últimos meses, a oposição aprovou investigações contra ela, todas vetadas pelo presidente.
Em abril, o Partido Democrata, principal força de oposição, ampliou sua maioria no Parlamento ao conquistar mais de 170 das 300 cadeiras. Recentemente, rejeitou o orçamento do governo e cortou cerca de R$ 17 bilhões em gastos, provocando críticas do gabinete presidencial, que classificou a medida como “tirania parlamentar”.
Repercussões e futuro político
Com o apoio popular em queda e a oposição fortalecida, Yoon enfrenta um momento delicado em seu mandato iniciado em 2022, quando venceu as eleições por margem estreita. Enquanto isso, as ruas continuam tomadas por manifestações que, além da revogação da lei marcial, clamam pela renúncia do presidente.