José Antonio Kast vence eleição e leva o Chile a uma guinada histórica à direita

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Por Equipo Kast - https://www.flickr.com/photos/203750669@N08/54857434448/, CC BY 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=176772887

Discurso contra criminalidade e imigração garante vitória com 58,3% dos votos no segundo turno

José Antonio Kast venceu a eleição presidencial do Chile neste domingo (14), conduzindo o país à sua mais expressiva guinada à direita desde o fim da ditadura militar, em 1990. Apostando em um discurso duro contra o avanço da criminalidade e da imigração irregular, o candidato obteve 58,30% dos votos no segundo turno, derrotando a candidata de esquerda Jeannette Jara, que somou 41,70%, com mais de 95% das urnas apuradas.

Após a confirmação do resultado, Jeannette Jara reconheceu a derrota e destacou o respeito ao processo democrático. “A democracia falou alto e claro. Conversei com José Antonio Kast e lhe desejei sucesso para o bem do Chile”, afirmou.

Figura conhecida da política chilena, Kast construiu sua trajetória marcada por posições de extrema-direita. Durante a campanha, defendeu medidas como a construção de muros na fronteira, o envio das Forças Armadas para regiões com altos índices de criminalidade e a deportação de imigrantes em situação irregular. Sua vitória se soma ao avanço recente de líderes conservadores na América Latina, como Daniel Noboa, no Equador, Nayib Bukele, em El Salvador, e Javier Milei, na Argentina. Em outubro, a eleição do centrista Rodrigo Paz também encerrou quase duas décadas de governos socialistas na Bolívia.

Esta foi a terceira tentativa de Kast de chegar à presidência. Em 2021, ele havia sido derrotado pelo atual presidente Gabriel Boric. Considerado radical por parte do eleitorado, Kast conseguiu atrair eleitores cada vez mais preocupados com a segurança pública e a imigração, temas que dominaram o debate eleitoral.

Na noite da vitória, apoiadores se reuniram na sede da campanha, em Santiago, com bandeiras do Chile e bonés vermelhos estampados com o slogan “Make Chile Great Again”. Entre eles estava o estudante de engenharia Ignacio Segovia, de 23 anos. “Cresci em um Chile pacífico, onde era possível sair à rua sem medo. Hoje isso não acontece mais”, relatou.

Apesar do resultado expressivo, Kast deverá enfrentar desafios no Congresso. Embora a direita tenha avançado nas eleições legislativas de novembro, o Parlamento segue dividido. O Senado tem equilíbrio entre esquerda e direita, enquanto, na Câmara, o voto decisivo cabe ao Partido Popular, de orientação populista. Propostas mais radicais, como cortes drásticos nos gastos públicos e mudanças nas leis sobre aborto, devem encontrar resistência legislativa.

Mesmo assim, a expectativa de políticas mais favoráveis ao mercado já gerou reação positiva na economia. O Chile, maior produtor mundial de cobre e um dos principais produtores de lítio, viu o peso chileno e o mercado de ações se valorizarem após o resultado das urnas.

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