Inclusão de pessoas com deficiência auditiva no Brasil: desafios e estratégias

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Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é comemorado hoje

Um levantamento do Instituto Locomotiva, em parceria com a Semana da Acessibilidade Surda, revelou que o Brasil possui 10,7 milhões de pessoas com algum nível de deficiência auditiva. A deficiência é classificada pela dificuldade em detectar certos níveis de decibéis, sendo considerada surdez a perda profunda ou completa da audição.

No contexto do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, pessoas com deficiência compartilharam suas experiências e desafios. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, busca promover os direitos e a inclusão dessas pessoas, com foco em condições essenciais como a participação plena no mercado de trabalho.

Vivências no mercado de trabalho

Júnior Teles, contador no Tribunal Superior Eleitoral, tem deficiência auditiva neurossensorial bilateral descendente. Apesar das limitações em entender sons agudos ou conversas paralelas, ele utiliza aparelhos auditivos e faz leitura labial para facilitar a comunicação.

“Passei a usar aparelhos auditivos, o que tem me ajudado muito, mas não resolve 100%. Como sou bem oralizado e não uso Libras, consigo me adaptar bem, desde que o ambiente não seja muito ruidoso ou com muitas pessoas falando ao mesmo tempo”, relata.

Para Amarildo João Espindola, professor universitário e idealizador do projeto Libras em Cena, a ausência de intérpretes de Libras nos ambientes de trabalho representa um grande obstáculo.

“Enfrentamos barreiras desde o momento em que entramos em um local que não tem intérprete. Isso afeta não só as atividades realizadas, mas também o contexto social e administrativo em que estamos inseridos”, afirma.

Impacto da falta de acessibilidade

A advogada trabalhista Iara Neves destaca que a ausência de integração adequada pode levar ao isolamento de profissionais surdos, comprometendo sua autonomia e restringindo oportunidades de crescimento.

“A falta de integração pode resultar na subutilização de habilidades, com a atribuição de funções de baixa visibilidade e poucas chances de desenvolvimento profissional”, alerta.

Quando os direitos dos trabalhadores surdos não são cumpridos, a advogada sugere que eles busquem diálogo com empregadores ou acionem o setor de Recursos Humanos. Caso não haja solução, é possível ingressar com uma ação na Justiça do Trabalho, mesmo sem advogado, utilizando o jus postulandi, previsto no artigo 791 da CLT.

Estratégias para inclusão

Para promover a inclusão de pessoas surdas, Amarildo João sugere medidas como a capacitação em Libras e o conhecimento da cultura surda por parte dos ouvintes. Ele também defende a contratação de profissionais fluentes em Libras, como tradutores, intérpretes e outros profissionais em diferentes áreas.

Outras práticas recomendadas incluem:

  • Falar claramente e pausadamente, facilitando a compreensão de pessoas com surdez parcial;
  • Direcionar a fala diretamente à pessoa com deficiência auditiva, permitindo a leitura labial;
  • Instalar painéis e alarmes visuais em locais públicos, garantindo maior acessibilidade.

O compromisso com a inclusão é um passo essencial para que pessoas com deficiência auditiva tenham pleno acesso a seus direitos e oportunidades.

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