O gesto de amor e generosidade, mesmo em meio a uma dor profunda, permitiu que os rins, o fígado e as córneas pudessem ser destinados a pacientes de três estados que aguardavam em fila nacional pelo transplante
Em um gesto de amor que transformou a dor em esperança, o Pronto-Socorro e Hospital Municipal de Várzea Grande (PSHMVG) realizou, no dia 21 de agosto, a segunda captação de múltiplos órgãos de sua história — a primeira sob a gestão da prefeita Flávia Moretti (PL). A ação vai beneficiar cinco pessoas que aguardavam, em diferentes estados, a chance de continuar vivendo.
A decisão da família em doar os órgãos em meio ao luto reforçou a importância de conversar sobre a doação, já que no Brasil a autorização dos parentes é obrigatória e muitas vezes o tempo é decisivo. Foram captados rins, fígado e córneas, destinados a pacientes em três estados, por meio da fila nacional de transplantes.
Segundo a médica Adriana Podanowski, que coordenou a equipe local, o trabalho envolveu mobilização intensa desde a madrugada, em parceria com a Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso. “É um momento de sensibilidade, mas também de conscientização. Cada doação significa esperança para muitas famílias”, afirmou.
A operação contou com apoio da Guarda Municipal, que escoltou os órgãos até o aeroporto, garantindo agilidade e segurança. O cirurgião Luiz Gustavo Diaz, do Distrito Federal, destacou que a logística é uma verdadeira corrida contra o tempo: “Cada órgão representa uma oportunidade de vida. Por isso, cada segundo é precioso”.
Para a prefeita Flávia Moretti, o gesto da família e a dedicação dos profissionais representam solidariedade e amor. “A decisão dessa família vai muito além da tragédia. Ela se traduz em vida e esperança. Agradeço a todos os envolvidos, que atuaram com compromisso e sensibilidade nesse processo tão complexo”, disse.
A subsecretária municipal de Saúde, Erika Carvalho, ressaltou o orgulho em ver o hospital de Várzea Grande participar de uma ação de tamanha relevância e anunciou tratativas para a criação de uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT). A secretária municipal de Saúde, Deisi Bocalon, reforçou a gratidão à família doadora: “Mesmo na dor profunda, tiveram a generosidade de salvar outras vidas. Esse ato transcende a perda e se transforma em esperança”.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Anita Ricarda da Silva, lembrou que a captação é uma operação complexa, que exige envolvimento de muitos profissionais e conscientização coletiva. Já a médica Michelli Dalto destacou os avanços de Mato Grosso no número de captações e adiantou que o Estado trabalha para habilitar transplantes hepáticos, ampliando as chances de salvar vidas localmente.

