Advogado rebateu acusações dos réus que foram citados nos depoimento
A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, solicitou nesta terça-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a confirmação do acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal (PF) nas investigações sobre a trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022.
Durante sustentação oral no julgamento, o advogado Jair Alves Pereira rebateu as acusações feitas por réus citados nos depoimentos de Cid e reforçou que o militar não foi coagido a delatar. As dúvidas sobre a delação surgiram após a revista Veja divulgar áudios em que Cid insinuava ter sido pressionado a mencionar Bolsonaro e outros acusados.
“Em nenhum momento ele especifica que falou isso. Ele confronta ideias e a investigação, o que é normal dentro de um Estado Democrático de Direito. Qual indiciado concorda com o delegado ou com o juiz?”, questionou Pereira.
Cid é delator e réu na ação penal, podendo obter benefícios como responder em liberdade e redução de pena em caso de condenação. A defesa também negou que ele tivesse participação no chamado “Plano Punhal Verde-Amarelo”, que previa atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Segundo Pereira, o militar apenas recebeu o arquivo em seu celular, sem participar dos grupos onde o plano foi discutido.
“Peço a confirmação da colaboração premiada, com todos os benefícios ajustados, nos termos das nossas alegações finais”, declarou o advogado.
O julgamento prossegue com as sustentações dos demais advogados.
Réus no processo:
- Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
- Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin e atual deputado federal
- Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
- Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
- Augusto Heleno – ex-ministro do GSI
- Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
- Walter Braga Netto – ex-ministro e candidato a vice em 2022
- Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Na abertura do julgamento, o relator Alexandre de Moraes apresentou o relatório da ação penal, enquanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação dos acusados. O STF reservou oito sessões para análise do caso, e a votação deve começar nas próximas reuniões.
Os réus respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Apenas Alexandre Ramagem teve parte das acusações suspensas devido à sua condição de parlamentar.
As penas, em caso de condenação, podem ultrapassar 40 anos de prisão, dependendo do grau de participação de cada acusado.