Entrada de caminhões de ajuda humanitária em Gaza marca novo avanço no frágil acordo de cessar-fogo
Caminhões com ajuda humanitária começaram a chegar à Faixa de Gaza nesta quarta-feira (15), enquanto Israel retomou os preparativos para reabrir a passagem de Rafah, ponto-chave para a entrada de suprimentos no território palestino. A decisão veio após o Hamas devolver novos corpos de reféns israelenses mortos, o que ajudou a evitar um impasse que ameaçava o já delicado acordo de cessar-fogo entre as partes.
Israel havia ameaçado manter a passagem fechada e reduzir o envio de ajuda devido à demora do Hamas na entrega dos corpos. Durante a madrugada, o grupo militante entregou mais restos mortais de reféns, totalizando oito corpos devolvidos desde segunda-feira (13) — embora um deles, segundo autoridades israelenses, não pertença a um refém.
Com o gesto, autoridades israelenses confirmaram que os preparativos estão em curso para permitir o trânsito de pessoas e suprimentos pela fronteira. A expectativa é que 600 caminhões de ajuda entrem em Gaza nas próximas horas, incluindo alimentos, medicamentos, combustível e equipamentos para reconstrução.
O acordo de trégua, que interrompeu dois anos de conflito devastador, prevê etapas futuras mais complexas, como o desarmamento do Hamas e a transferência de poder a uma nova administração local — pontos que o grupo ainda resiste em aceitar. Além disso, 21 corpos de reféns permanecem desaparecidos em Gaza, e uma força-tarefa internacional tenta localizá-los em meio à destruição provocada pela guerra.
O plano também obriga Israel a devolver os corpos de 360 militantes palestinos mortos em combate, sendo que o primeiro grupo, com 45 corpos, foi entregue na terça-feira (14).
Enquanto isso, a crise humanitária em Gaza continua grave: quase toda a população foi deslocada e enfrenta fome e colapso nos serviços de saúde. Imagens divulgadas pela Reuters mostram caminhões cruzando o lado egípcio de Rafah durante a madrugada, transportando combustível e caixas de suprimentos.
Apesar do avanço, o cessar-fogo enfrenta forte resistência dentro de Israel. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, criticou publicamente o envio de ajuda, classificando-o como uma “desgraça” e afirmando que “o terrorismo só entende a força”.