Geraldo Alckmin destaca compromisso global com energia renovável, sociobioeconomia e metas do Acordo de Paris na plenária de alto nível
O Brasil defendeu, nesta segunda-feira (17), que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, deixe como legado um conjunto de ações concretas voltadas à transição energética, ao fim do desmatamento ilegal e à valorização das florestas, com destaque para o fortalecimento da sociobioeconomia. A avaliação foi apresentada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante a abertura da plenária de alto nível do evento.
Segundo Alckmin, a COP30 marca o momento em que o regime climático internacional passa da fase de negociações para a fase de implementação. “As decisões que sairão de Belém reforçarão mecanismos e estimularão novos arranjos para acelerar a ação climática em escala global. E isso faremos por escolha própria, porque é a escolha certa”, afirmou.
Ele defendeu que a ação climática mundial seja guiada pela “ética da responsabilidade”, combinando ciência, solidariedade, progresso e dignidade. Alckmin reforçou ainda a necessidade de triplicar a meta global de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, ressaltando que a capacidade instalada atualmente equivale à metade do necessário para atingir o objetivo.
Compromissos do Brasil e desafios globais
Durante o discurso, o vice-presidente destacou o Compromisso de Belém, que prevê quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, esforço ao qual 25 países já aderiram. Ele também lembrou que o Brasil reduziu em 50% o desmatamento ilegal e apontou a importância da união dos países na apresentação de NDCs — contribuições nacionalmente determinadas — alinhadas à meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris.
“A NDC brasileira, ousada e realista, estabelece a redução das emissões líquidas de gases de efeito estufa de 59% a 67% até 2035, em comparação com 2005”, afirmou.
Alckmin enfatizou a necessidade de promover cooperação entre governos, setor privado e comunidades locais, destacando o papel de povos indígenas e tradicionais como guardiões da floresta. “A Amazônia deve ser o exemplo de que é possível crescer, produzir e conservar ao mesmo tempo”, disse.
Ele também defendeu avanços em áreas estratégicas, como a bioeconomia e a descarbonização, citando a proposta de criação de uma Coalizão Global de Mercados Regulados de Carbono, com mecanismos transparentes e acordados entre os países.
Reta final de negociações
A COP30 entra nesta semana em sua fase decisiva, com a chegada de cerca de 160 ministros, vice-presidentes e representantes de alto nível. As discussões buscam consenso em temas sensíveis, como financiamento climático, adaptação e mecanismos de monitoramento das metas de redução de emissões.
“Esta deve ser a conferência da verdade, da implementação e, sobretudo, da responsabilidade”, afirmou Alckmin. Ele concluiu reforçando que cada decisão tomada hoje — política, econômica ou ambiental — deve contribuir para preservar as condições de vida na Terra, proteger a biodiversidade e garantir justiça para as futuras gerações.

