Baixa adesão por imunizante contra dengue preocupa governo

0
134

Metade das doses da vacina contra dengue ainda não foi aplicada

Um ano após o início da vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), a procura pelo imunizante segue abaixo do esperado. Dos 6,3 milhões de doses distribuídas entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, apenas 3,2 milhões foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos – grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde.

A escolha dessa faixa etária se deu porque, depois dos idosos, são os que mais se internam devido à doença. No entanto, a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, não foi liberada pela Anvisa para idosos. O esquema vacinal exige duas doses, com intervalo de três meses.

O programa de imunização começou em fevereiro de 2024, em 521 municípios considerados endêmicos. A seleção levou em conta três critérios: municípios com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão de dengue entre 2023 e 2024 e predominância do sorotipo 2 da doença. Atualmente, todas as unidades federativas recebem doses, seguindo recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Como o número de vacinas disponíveis é limitado, o Ministério da Saúde priorizou regiões com surtos frequentes nos últimos 10 anos.

A baixa oferta da vacina é um dos principais desafios. Em 2024, o Brasil recebeu 5,2 milhões de doses, e para 2025 a previsão é de mais 9 milhões. A Takeda, fabricante do imunizante, decidiu priorizar o SUS, suspendendo contratos diretos com estados e municípios e reduzindo a venda na rede privada.

A baixa adesão à vacina acendeu um alerta na Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). A entidade destaca que o imunizante está disponível em 1,9 mil cidades e que apenas metade das doses distribuídas foi aplicada. O cenário preocupa ainda mais com a volta do sorotipo 3 da dengue, que não circulava no Brasil de forma predominante desde 2008. Isso significa que grande parte da população não tem imunidade contra essa variante do vírus.

Em 2024, o Brasil registrou a pior epidemia de dengue da história, com 6,6 milhões de casos prováveis e 6.103 mortes. Já em 2025, os números continuam altos: 230.191 casos prováveis, 67 mortes confirmadas e 278 óbitos em investigação. Diante da situação, o Ministério da Saúde reativou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para reforçar o monitoramento da doença no país. Paralelamente, o governo lançou um plano de ação para intensificar o combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue.

O Ministério da Saúde reforça que, apesar da vacinação ser um avanço, não pode ser a única estratégia contra a dengue. Medidas de prevenção, como a eliminação de focos do mosquito, continuam sendo fundamentais no combate à doença. Com a chegada do período de chuvas e a ameaça crescente da dengue, a adesão à vacina pode ser decisiva para evitar novos surtos. A imunização está disponível na rede pública para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em regiões prioritárias.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here