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quarta-feira, 18 junho 2025
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Aos 35 anos, jornalista é diagnosticado com autismo e sente o alívio de não precisar mais se culpar tanto

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Por Keka Werneck

O jornalista de Cuiabá, Ulisses Lalio sempre se sentiu uma pessoa diferente, mas não sabia exatamente por que. Aos cinco anos, ainda tinha muita dificuldade para falar. Não se relacionava com as outras crianças. Sem equilíbrio, não conseguia assentar como uma “borboletinha”, como os demais coleguinhas. Na juventude, nunca deu o primeiro passo em relacionamentos, nunca roubou um beijo da namorada. Sempre foi literal e, como ele mesmo diz, voa quando alguém faz uma ironia. Tem o pensamento rígido e demora para mudar de ideia. Olhar nos olhos, falar oi, se concentrar, tudo isso exige um esforço enorme dele.
Foi assim que, Ulisses levou a vida até os 35 anos. Formou, casou, teve dois filhos.
Quando, já aos 35 anos, recebeu o diagnóstico de autismo, ao invés de se entristecer, sentiu foi um alívio. “Deixei de me cobrar tanto, relaxei um pouco a autocrítica que tinha comigo mesmo, porque eu ficava sempre em alerta, sempre preocupado e isso tem consequências graves, muitos autistas são, inclusive, suicidas por causa dessa pressão”.
O laudo veio triplo: autismo, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e ansiedade.
“Foi uma catarse, tirou um peso enorme das minhas costas porque sabia que eu era uma pessoa diferente, mas não sabia bem por que, agora já sei, mas também me dá uma perspectiva de vida estranha, porque não sei o que será a partir de agora, trazendo incertezas para o futuro”, comenta Lalio, que, ao ser diagnosticado, resolveu abrir seu coração na internet, justamente para tirar o assunto da invisibilidade e ajudar os outros, que possam ter uma biografia parecida com a dele.
Para obter o diagnóstico, foram seis meses de saga. Em Cuiabá, há poucos profissionais que lidam com o transtorno com adultos. O psiquiatra encaminhou para o psicólogo, que fez toda uma pesquisa de vida, conversou com a mãe, o pai, esposa do rapaz, aplicou vários testes e, com o laudo finalizado, o psiquiatra “bateu o martelo” e o medicou.
Lalio resolveu investigar o seu caso, após o filho, de 4 anos, também ser diagnosticado com autismo. O menino não conseguia aprender a falar e repetia muitos dos comportamentos que o pai também tinha.
“Com o agravante de que no meu tempo de criança, não havia um laudo, minha mãe não tinha informações sobre o transtorno e ela foi imprescindível, na minha vida, por não desistir de mim, porque, senão, eu não teria me desenvolvido como me desenvolvi, a família é fundamental para que pessoas no espectro tenham um futuro melhor”.
Falar sobre isso, publicamente, se expor como autista pode não ser fácil, mas, mesmo assim, o jornalista resolveu se somar àqueles que tiram o tema do silêncio, quebrando paradigmas, preconceitos e o estigma. Afinal, apesar das dificuldades que enfrenta, ele segue adiante. Agora, lado a lado com o filho, para que ambos possam lidar com tudo isso mais fortes e juntos.

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