Nesta quinta-feira (5), a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT) promoveu o IV Simpósio sobre Autismo, com o tema “Do Diagnóstico ao Tratamento”. A iniciativa foi idealizada pelos deputados Wilson Santos (PSD) e Dr. João (MDB), com o objetivo de ampliar o debate sobre o transtorno do espectro autista (TEA) e fortalecer políticas públicas voltadas ao tema.
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico do autismo pode ser realizado antes dos três anos de idade, com base em observações clínicas, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 2 milhões de brasileiros estejam no espectro autista, representando 1% da população nacional.
Em Mato Grosso, dados da Secretaria de Estado de Educação apontam que 9.575 estudantes com deficiência estão matriculados na rede pública estadual, sendo 814 deles diagnosticados com autismo.
“Autismo não é doença, mas uma condição que exige inclusão e conhecimento”
O deputado Wilson Santos destacou a importância de disseminar informações sobre o tema para combater barreiras e promover a inclusão. “O autismo atinge de 1% a 2% da população mundial, o que equivale a cerca de 80 a 160 milhões de pessoas no planeta. Não é uma doença, mas sim uma condição classificada em três níveis. Nosso papel é divulgar essa temática e cobrar a implementação de centros de diagnóstico, terapias adequadas e capacitação de profissionais da educação para acolher e trabalhar com crianças e jovens autistas”, afirmou.
Santos também destacou a atuação da Assembleia Legislativa em aprovar legislações voltadas à causa. “Em quatro anos, criamos 11 leis em benefício dos autistas, transformando Mato Grosso em referência nacional. Nosso compromisso é garantir direitos constitucionais e construir políticas públicas que promovam inclusão e dignidade para essas pessoas.”
O deputado Dr. João reforçou a relevância do simpósio. “Esse evento é fundamental para conscientizar a sociedade sobre o autismo, desde o diagnóstico até o tratamento, e para superar o preconceito que, no passado, marginalizou tantas crianças. Hoje, temos a chance de construir uma realidade melhor para elas.”
Especialistas trazem contribuições sobre diagnóstico e tratamento
A psicóloga e psicanalista Ieda Maria Mesquita de Moraes, primeira palestrante do simpósio, destacou o pioneirismo de Mato Grosso em iniciativas de apoio ao autismo. “Estamos mostrando novas formas de olhar para o espectro. Esses palestrantes dedicam suas vidas ao tema, muitos desde quando o autismo não era amplamente reconhecido.”
Juliana Maria Silva Fortes, presidente do Instituto Psicossocial Renascer do Autismo de Mato Grosso, compartilhou sua experiência como mãe e pessoa autista. “O aumento de diagnósticos reflete o acesso ampliado e maior conscientização. Contudo, as famílias ainda estão desassistidas pelo poder público. Precisamos de políticas públicas que acolham os autistas e suas famílias, garantindo qualidade de vida.”
A psicanalista Danielle Brito Vanderlei ressaltou a importância da observação parental para um diagnóstico precoce. “Pais devem estar atentos a sinais como a falta de contato visual ou de resposta social no bebê. O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz.”
Maria do Carmo Camarotti, psicanalista do Ciclo de Vida de Recife (PE), enfatizou o impacto emocional do diagnóstico nas famílias. “Pais frequentemente se sentem desamparados ao receber o diagnóstico. É vital que tenham suporte adequado para lidar com a situação e evitar sofrimento desnecessário.”
Presença de instituições e representantes
O simpósio reuniu membros da Defensoria Pública, Conselho Estadual das Pessoas com Deficiência, Instituto Psicossocial Renascer do Autismo, Casa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso, Comissão Permanente de Saúde do Tribunal de Contas do Estado, entre outros.
A iniciativa reforça o compromisso da ALMT em fomentar o diálogo e construir soluções para os desafios enfrentados por pessoas autistas e suas famílias, ampliando o alcance das políticas públicas no estado.