Fim da era do MAS e crise econômica marcam disputa entre Rodrigo Paz e Jorge Quiroga
A Bolívia realizará neste domingo (19) o segundo turno das eleições presidenciais, após nenhum candidato garantir vitória no pleito de 17 de agosto. A disputa acontece em meio à pior crise econômica em décadas e marca o fim da hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que governou o país por quase 20 anos.
A economia é a principal preocupação dos eleitores. As exportações de gás natural — principal fonte de receita boliviana — caíram drasticamente, a inflação disparou e o combustível se tornou escasso. O novo presidente assumirá o cargo em 8 de novembro.
O segundo turno coloca frente a frente o senador de centro Rodrigo Paz e o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga. Ambos prometem revisar o modelo econômico estatal implantado pelo MAS, mas divergem quanto à intensidade das reformas. Também pretendem estreitar relações com os Estados Unidos, após quase duas décadas de alinhamento boliviano com Rússia, China e Irã.
O tribunal eleitoral boliviano implementou um novo sistema de apuração para garantir transparência, com fotografias das atas de votação enviadas diretamente aos centros de contagem. Observadores da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos acompanharão o processo.
Quiroga, de 65 anos, defende uma agenda liberal, com expansão do livre comércio, corte de gastos públicos e fortalecimento da propriedade privada. Seu vice é o executivo de tecnologia Juan Pablo Velasco, reforçando o discurso pró-negócios.
Já Paz, de 58 anos, filho de um ex-presidente, tem o ex-policial e ativista Edman Lara como vice. Sua campanha propõe descentralizar o governo, estimular o setor privado e manter políticas sociais. No primeiro turno, Paz surpreendeu ao liderar com 32% dos votos, contra 27% de Quiroga.
A eleição também pode definir o futuro da exploração do lítio, recurso estratégico presente nas vastas salinas bolivianas. Apesar de o país deter as maiores reservas do mundo, acordos com empresas russas e chinesas estão paralisados por disputas políticas. O mercado espera que o próximo governo flexibilize regras e incentive o investimento estrangeiro no setor.

