Câmara dos Deputados derruba voto secreto em processos criminais contra parlamentares

0
214

Falta de quórum impede manutenção de sigilo previsto na PEC da Blindagem

A Câmara dos Deputados rejeitou, no início da madrugada desta quarta-feira (17), a manutenção do voto secreto nas sessões que autorizam processos criminais contra senadores e deputados. A decisão ocorreu por insuficiência de quórum: foram 296 votos a favor do sigilo, 12 a menos do mínimo necessário para alterar a Constituição, que exige 308 votos.

O destaque apresentado pelo partido Novo retirou do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem — também chamada de PEC das Prerrogativas — o termo “secreto”. Ao todo, 174 parlamentares votaram a favor do destaque, derrubando o voto secreto.

O bloco formado por PL, União Brasil, PP, PSD, Republicanos, MDB, PSDB, Cidadania e Podemos defendeu o sigilo, assim como a oposição. Já PT, PSOL, Rede e Novo votaram contra. O governo liberou a bancada para votar como quisesse.

Para o líder da oposição, Cabo Gilberto Silva (PL-PB), o voto secreto protegeria parlamentares de “chantagens” ao decidir sobre a abertura de processos criminais contra colegas. Já o deputado Helder Salomão (PT-ES) afirmou que “o eleito não pode ter o direito ao sigilo do voto” e que o parlamentar tem obrigação de mostrar sua posição ao eleitor.

A PEC da Blindagem estabelece que deputados e senadores só poderão ser processados criminalmente se a respectiva Casa autorizar a abertura de ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) em até 90 dias após a denúncia. Casos de prisão em flagrante por crimes inafiançáveis, como homicídio e estupro, também dependem de autorização em até 24 horas.

O texto-base da PEC já havia sido aprovado em dois turnos na noite de terça-feira (16), após votação para suspender o prazo regimental entre turnos. A proposta ainda amplia o foro especial no STF para presidentes de partidos com assento no Congresso, medida criticada por dificultar processos contra parlamentares investigados, mas defendida como uma proteção contra “perseguições políticas” do Judiciário.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here