STF inicia julgamento histórico de Bolsonaro e aliados por trama golpista

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Eventual prisão dos réus que forem condenados não é automática

O Supremo Tribunal Federal (STF) dará início, na próxima terça-feira (2), ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados pela tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022. O grupo compõe o núcleo principal da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Quase dois anos e meio após os atos de 8 de janeiro de 2023, a Corte se prepara para um julgamento inédito desde a redemocratização, que poderá levar à prisão um ex-presidente da República e generais do Exército sob a acusação de golpe de Estado.

Para garantir segurança, o STF montou um esquema especial de restrição de circulação, uso de cães farejadores e drones. O caso terá ampla cobertura: 501 profissionais da imprensa já foram credenciados, além de 1.200 cidadãos selecionados entre mais de 3 mil inscritos para acompanhar as sessões em um telão.

As oitivas ocorrerão em cinco datas — 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro — em turnos de manhã e tarde, dependendo do dia.

Réus

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin e atual deputado federal
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex-ministro e candidato a vice em 2022
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens

Acusações

Os réus respondem por crimes como:

  • golpe de Estado,
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
  • organização criminosa armada,
  • dano qualificado e ameaça grave,
  • deterioração de patrimônio tombado.

No caso de Alexandre Ramagem, parte das acusações foi suspensa devido à imunidade parlamentar.

Rito do julgamento

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, abrirá a análise com a leitura do relatório. Depois, a palavra será do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que terá até duas horas para sustentar a acusação. Em seguida, as defesas dos réus poderão se manifestar, cada uma com até uma hora.

A votação seguirá esta ordem: Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A maioria de três votos definirá a condenação ou absolvição.

Há possibilidade de pedido de vista, que suspenderia o julgamento por até 90 dias.

Consequências

Mesmo em caso de condenação, a prisão não será imediata: caberá após o julgamento dos recursos. Se decretada, os militares terão direito a prisão especial, conforme prevê o Código de Processo Penal.

A denúncia da PGR está dividida em quatro núcleos, e o grupo liderado por Bolsonaro é o primeiro a ser julgado. As demais ações devem ser apreciadas ainda em 2025.

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