Brasil permanece em negociação com os EUA, mas se prepara para possível tarifa de 50%

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Governo entregará “o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21) que o Brasil não vai se retirar das negociações com os Estados Unidos, mesmo diante da possibilidade de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Segundo ele, o governo está mobilizado para tentar evitar a sanção, mas também trabalha em planos de contingência para proteger os setores mais afetados.

Em entrevista à Rádio CBN, Haddad explicou que a orientação do presidente Lula é manter o diálogo aberto, sem dar margem para retaliações. O Ministério da Fazenda, o Itamaraty e o vice-presidente Geraldo Alckmin estão empenhados nas tratativas, incluindo o envio de duas cartas ao governo norte-americano — uma em maio e outra na semana passada — ainda sem resposta.

Um grupo de trabalho foi criado para elaborar propostas de apoio aos setores prejudicados e avaliar a aplicação da lei da reciprocidade. As alternativas serão apresentadas ao presidente Lula ainda nesta semana. Segundo Haddad, os planos não necessariamente implicarão em novos gastos públicos, podendo envolver crédito e apoio setorial, como já ocorreu em ações federais no Rio Grande do Sul.

O ministro afirmou que o Brasil não pretende adotar represálias automáticas contra os EUA, mas alertou que há um componente político na medida: a relação pessoal entre Donald Trump e Jair Bolsonaro. Para ele, a imposição da tarifa elevada pode estar ligada à atuação da extrema-direita brasileira, que agiria contra os interesses do país.

Haddad destacou que o Brasil é deficitário na relação comercial com os Estados Unidos e não representa ameaça econômica ao país norte-americano. Ele lembrou que, há dois meses, esteve com o secretário do Tesouro dos EUA para tratar da tarifa de 10%, considerada injusta, e que houve sinalização de abertura para redução — o que torna ainda mais surpreendente a proposta de aumento para 50%.

O ministro também criticou o anúncio de Trump de que investigaria o Pix, meio de pagamento brasileiro que, segundo Haddad, é eficiente, seguro e sem custo para o usuário. Para ele, o Pix representa inovação, não ameaça.

Sobre a meta fiscal, Haddad negou qualquer possibilidade de revisão e garantiu que o governo entregará, até o fim do mandato de Lula, o melhor resultado fiscal, de emprego, de renda e de crescimento médio desde 2015.

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