Irã ataca base militar dos EUA no Catar em retaliação a bombardeios em instalações nucleares

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Catar diz que interceptou ataque e que não há vítimas

As Forças Armadas do Irã atacaram nesta segunda-feira (23) a base militar norte-americana Al-Udeid, localizada no Catar, no Oriente Médio. A ação foi confirmada pelas agências de notícias iranianas Fars News e IRNA News, além do próprio governo do Catar, que condenou o ataque e informou ter interceptado os mísseis lançados.

O ataque foi uma resposta direta aos bombardeios realizados pelos Estados Unidos no sábado (21) contra três instalações nucleares iranianas. Segundo o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, o número de mísseis utilizados no ataque à base americana correspondeu à quantidade de bombas lançadas pelos EUA sobre os complexos nucleares iranianos. O governo de Teerã ressaltou que o alvo foi escolhido de forma a não representar ameaça à população civil do Catar.

Em comunicado oficial, o governo iraniano destacou que a ação militar não tinha intenção de atingir o território catariano ou seu povo, e reafirmou o compromisso de manter boas relações diplomáticas com o país vizinho.

A emissora Al-Jazira relatou explosões e sinalizadores no céu de Doha, capital do Catar, além do fechamento do espaço aéreo do país por medidas de segurança. A base de Al-Udeid é a maior instalação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, abrigando cerca de 10 mil militares e civis desde sua fundação em 1996.

O governo do Catar condenou com veemência a ação iraniana. O ministro das Relações Exteriores, Majed Al Ansari, afirmou que o ataque violou a soberania nacional e garantiu que o país se reserva o direito de responder de maneira proporcional, respeitando o direito internacional. Ele informou ainda que o sistema de defesa aérea conseguiu frustrar a ofensiva e que a base havia sido previamente evacuada por precaução, não havendo registro de feridos ou vítimas.

O ataque ocorre em meio a uma escalada de tensões na região. No dia 13, Israel realizou um ataque surpresa contra o Irã, acusando o país de estar perto de produzir uma arma nuclear. Em resposta, os Estados Unidos bombardearam três usinas nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Esfahan — no sábado (21).

O Irã nega ter intenções militares em seu programa nuclear, afirmando que seu objetivo é exclusivamente pacífico e que vinha negociando acordos com os Estados Unidos para assegurar o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), no entanto, acusava o Irã de não atender integralmente suas obrigações, embora admitisse não haver provas de que o país desenvolvesse uma bomba atômica. Teerã acusa a AIEA de agir sob influência política de potências ocidentais, como Estados Unidos, França e Reino Unido, aliados de Israel no conflito com o Irã.

Relatórios da inteligência norte-americana, divulgados em março, indicavam que o Irã não estaria produzindo armas nucleares, informação posteriormente questionada pelo ex-presidente Donald Trump. Israel, por sua vez, é apontado há décadas como detentor de um arsenal nuclear não declarado, com estimativas de até 90 ogivas desde os anos 1950.

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